Use este identificador para citar ou linkar para este item:
https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/jspui/handle/123456789/756
Tipo: | Dissertação |
Título: | Carnaval na República do Medo: ironia e paródia em letras de Gonzaguinha - um estudo bakhtiniano |
Título(s) alternativo(s): | Carnival in the Republic of fear: irony and parody in lyrics by Gonzaguinha - a Bakhtinian study |
Autor(es): | Archanjo, Rafael Menari |
Primeiro Orientador: | Ludovice, Camila de Araújo Beraldo |
metadata.dc.contributor.referee1: | Marchezan, Renata Maria Facuri Coelho |
metadata.dc.contributor.referee2: | Pernambuco, Juscelino |
Resumo: | A história demonstra que a recorrência ao cômico é veementemente combatida por regimes totalitários. Tal ocorrência, tida como manifestação da cosmovisão carnavalesca, rompe com a seriedade característica dos discursos desses períodos, por meio da polêmica velada e da paródia. Após o golpe civil-militar de 1964, o Estado brasileiro, instaurado o regime de exceção, edificou um discurso otimistanacionalista, cívico e disciplinador, de um país emergente beneficiado pelo crescimento econômico, e a esfera da canção tornou-se uma ampla arena axiológica; palco de embates dialógicos e ideológicos, em que o autor-pessoa Gonzaguinha se consolidou como um opositor ao regime. Na investigação proposta, coube-nos observar como, dialogicamente, os enunciados das letras de música do autor-criador que viceja na obra do cancionista, carnavalizaram o discurso da propaganda engendrada pelo Estado brasileiro. O exercício heurístico teve, nas produções de Bakhtin (1987; 1997; 1998; 2011; 2012) e de Bakhtin e Volochínov (1926; 2006), suas principais reflexões que, somadas às contribuições de outros pesquisadores, em destaque, Hutcheon (1985), Brait (1996; 2003; 2005), Koch (2008), Fiorin (2009; 2012) e Marchezan (2012; 2015, no prelo), formaram a base de aporte. Outros estudos que dialogaram com o cronotopo da investigação também integraram o arcabouço teórico. A proposta justificou-se na quase não existência de trabalhos do âmbito da Linguística aplicados à obra engajada do cancionista, conhecido popularmente pelas suas produções líricas. O plano de análise ancorouse à metodologia qualitativa de revisão bibliográfica, acompanhada da aplicação de teoria exegética. As observações restringiram-se às letras das seis canções selecionadas distribuídas em seis álbuns do artista lançados entre 1973 e 1981. Por meio das análises, constatamos que o autor-criador se vale da carnavalização para tecer um contradiscurso ao do Estado, utilizando-se, para driblar o crivo censório, de ambiguidades semânticas provocadoras do efeito irônico. As relações dialógicas ocorrem, mas em oposição. Os aparentes “ditos” dispostos na enunciação, são subvertidos por “não-ditos”, que ressoam no interior do discurso, constituindo sua réplica velada. O mesmo acontece quando o autor-criador emprega a intertextualidade paródica. Ambos os processos incidem no grito livre da praça pública carnavalesca. A recorrência à paródia e à ironia instaura o cômico sobre o sério, abrindo o campo semântico da letra da canção à pluridiscursividade. Ambos os processos que, em certas ocorrências, não se separam, possibilitam a bivocalidade, a reverberação de vozes que se chocam axiologicamente, na relação tensa entre palavra autoritária e palavra internamente persuasiva. Nesse embate, a ironia e a paródia do autor-criador, desconstroem os sentidos e símbolos da propaganda ufanista, construindo uma enunciação em colisão com a univocidade do discurso estatal. |
Abstract: | History shows that the recurrence to comic is vehemently fought by totalitarian regimes. Such occurrence, considered as a manifestation of the carnival worldview, breaks the typical serious aspect of discourses in such periods, by means of the hidden polemic and parody. After the civil-military coup in 1964, the Brazilian government, considering the exception regime had been established, built an optimist-nationalist, civic and disciplinarian discourse of an emerging country benefited by the economical development, and the field of the song became a wide axiological arena; stage for dialogical and ideological clashes, in which the authorcreator Gonzaguinha became a staunch opposer to the regime. In the proposed investigation, we observed how, dialogically, the utterances of the song lyrics of the author-creator who appears in the work of the songwriter carnivalizated the discourse of the propaganda engendered by the Brazilian government. The heuristic exercise had, in Bakhtin’s (1987; 1997; 1998; 2011; 2012) and Bakhtin and Volochínov’s (1926; 2006) studies, its main reflections that, added to the contributions of other researchers, highlithing Hutcheon (1985), Brait (1996; 2003; 2005), Koch (2008), Fiorin (2009; 2012) and Marchezan (2012; 2015, unpublished), built the contribution basis. Other studies which had a relation with this investigation were also added to the theoretical framework. The proposal could be justified in the almost not existence of works in Linguistics applied to Gonzaguinha’s work, who is known for his lyrical productions. The analysis plan was based on a qualitative method of bibliographic review, along with the exegetic application of the theory. The observations were restricted to the lyrics of the six selected lyrics distributed in six albums of the artist that were launched between 1973 and 1981. By means of the analyses, we verified that the author-creator uses carnivalization to make a counter discourse to the government, using, to circumvent the government censorship, semantic ambiguities which have an ironic effect. The dialogical relations occur, but in opposition. The apparent “said” elements on the discourse of the author-creator are subverted by “unsaid” ones, which resound within the discourse, building their hidden reply. The same happens when the author-creator uses the parodic intertextuality. Both processes envolve the free cry of the carnival public square. The recurrence to parody and irony establishes the comic over seriousness, opening the semantic field of the song to the pluridiscursivity. Both processes, that, in certain recurrences, do not split up, allow bivocality, the reflexion of voices that collide axiologically, in the tense relation between the authoritarian word and the internally persuasive word. In this clash, the author-creator’s irony and parody deconstruct the meanings and symbols of the ufanist propaganda, constructing an utterance in collision with the univocality of the state discourse. |
Palavras-chave: | Relações dialógicas Letras de música Gonzaguinha Ironia Paródia |
CNPq: | CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Universidade de Franca |
Sigla da Instituição: | UNIFRAN |
Departamento: | Pós-Graduação |
Programa: | Programa de Mestrado em Linguística |
Citação: | ARCHANJO, Rafael Menari. Carnaval na República do Medo: ironia e paródia em letras de Gonzaguinha - um estudo bakhtiniano. Franca, SP, 2015. 153 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade de Franca. 2015. |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
URI: | https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/756 |
Data do documento: | 2-Dez-2015 |
Aparece nas coleções: | Mestrado em Linguística |
Arquivos associados a este item:
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Rafael Menari Archanjo.pdf | 4.28 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.